SONDAGEM À TRADO (MECÂNICO-MANUAL)

Sondagem à trado é um método de investigação geológico-geotécnica que utiliza como instrumento o trado, um tipo de amostrador de solo constituído por lâminas cortantes, que podem ser espiraladas (trado helicoidal ou espiralado) ou convexas (trado concha). O método tem por finalidade a coleta de amostras deformadas, determinação do nível d’água e identificação dos horizontes do terreno, sendo uma das formas mais simples de investigação do solo.

A NBR 9603 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, atualizada em 2015) prescreve a metodologia correto para a execução da sondagem à trado.

O método consiste em uma escavação com pequeno diâmetro e profundidade reduzida por meio de um dispositivo de baixa a média resistência para perfuração de solo, podendo ser efetuada de forma mecânica ou manual, sendo este último o mais adotado. Os trados manuais são geralmente usados até profundidades de cerca de 6 metros e em solos pouco consistentes.

O grande objetivo deste tipo de sondagem é a coleta de amostras deformadas para a realização de ensaios de laboratório, com as amostras coletadas é possível determinar o perfil geológico do solo investigado, entretanto, não é possível obter índices de resistência do solo diretamente com a sondagem, assim como é feito nas sondagens SPT.

O processo executivo é simples e pode ser descrito basicamente pela escavação do solo com os trados e coleta de amostras a cada metro, ou quando for identificado mudança no tipo de solo escavado. A escavação deve ser iniciada com o trado cavadeira, o trado helicoidal deve ser utilizado somente quando a penetração pelo trado cavadeira já estiver impossibilitada. Em terrenos com superfície muito dura é permitido utilizar a ponteira de aço para iniciar a escavação. Ao superar esta camada mais resistente deve-se utilizar novamente o trado cavadeira, por exemplo, na impossibilidade da penetração do trado helicoidal é importante verificar se o solo em questão é apenas uma camada de cascalho, matacão ou mesmo rocha. Para isto é feita uma tentativa de penetração com a ponteira de aço.

Em solos mais duros é possível utilizar um pouco de água para favorecer a penetração do trado helicoidal, quando esta prática for adotada deve ser descrita no relatório e boletim de campo das amostras.

São adotados três critérios de parada para este tipo de sondagem:

  • Quando atingir a profundidade programada para a investigação;
  • Em caso de desmoronamentos da parede do furo de forma sucessiva;
  • Quando o avanço do trado ou ponteira for inferior a 5 cm em 10 minutos.

O grande objetivo da sondagem a trado é a coleta de amostras, desta forma é importante tratar as mesmas com cuidado, para que representem com segurança o solo investigado. Quando as amostras não são tratadas de maneira adequada, como preconiza a norma NBR 9603 e as boas práticas da engenharia, as investigações são inúteis.

O primeiro cuidado é no momento da escavação, o solo coletado para a amostra deve ser depositado sobre lona e embaixo de sombra, isso evita a contaminação com solo da superfície e também grande perda de umidade. As amostras destinadas aos ensaios de determinação da umidade do solo devem possuir pelo menos 100 gramas e serem acondicionadas imediatamente em recipientes hermeticamente fechados, parafinados ou selados com fita. Quando a amostra for destinada para demais ensaios de laboratório, elas devem ser acondicionadas em sacos de lona ou sacos plásticos com amarilho.

Devem ser preenchidos dois cartões de identificação da amostra. Um destes cartões deve ser acondicionado no interior da embalagem, junto com a amostra, e o outro no exterior da embalagem. A identificação deve conter as seguintes informações:

A sondagem deve gerar dois documentos importantes, o primeiro deles é o boletim de campo, que servirá de referência para elaboração do segundo documento, o relatório de sondagem. O relatório de sondagem é o documento que será entregue ao cliente, onde estarão contidas todas as informações pertinentes da execução dos serviços.

Os resultados serão apresentados em desenhos contendo o perfil de cada sondagem realizada, onde serão descritas todas as informações do solo investigado, como posição e cota do furo, início e término da investigação, posição de coleta das amostras, descrição e identificação das camadas do solo e posição do nível d’água quando encontrado. Faz parte também dos resultados uma planta com a locação de todos os furos de sondagem realizados, esta planta deve conter amarrações e cotas de referência para identificação da posição dos furos realizados.

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